“Programe como um garota” - Dicas e oportunidades para mulheres na tecnologia

Juliette Beaudet
5 min readMay 28, 2020

Olá todos e todas!

Como empreendedora de startup e aluna em desenvolvimento de software, acumulei alguma experiência do ecossistema brasileiro da inovação.

Por isso, pretendo aqui aportar um pouco da meu conhecimento sobre as oportunidades e os apoios que existem hoje no mercado brasileiro para melhorar a integração das mulheres na tecnologia.

Boa leitura!

História de família: inspiração sobre a carreira feminina

Como introdução, resolvi contar a história da minha avó, uma das minhas maiores fontes de inspiração feminista. No contexto da sua partida recente, se trata também de uma homenagem.

Simone nasceu nos anos 1930 na França. Cresceu durante a Segunda Guerra Mundial e conheceu uma Paris bombardeada. Ela também assistiu, em 1944, ao marco histórico da obtenção do direito de voto das mulheres.

Com 17 anos, como consequência da morte prematura do seu pai, sacrificou os estudos e trabalhou como datilógrafa para pagar a faculdade do irmão, obedecendo a uma regra óbvia e implícita da época: a prioridade era a carreira do homem.

Apesar de tudo, ela extraordinariamente se tornou uma mulher empreendedora de sucesso. Como?

De trabalho em trabalho, aproveitou cada oportunidade para se desenvolver. Teve um chefe norte-americano: aprendeu o inglês. Prestou serviço para uma rádio: aceitou quando chamaram para animar, nas madrugadas, um programa de humor. Entrou numa empresa de produção de caldeira: aprendeu de cor os manuais das máquinas, para ser levada à sério e receber aos poucos reconhecimento e ascensão hierárquica.

Finalmente, uma vez acostumada com a direção e gestão de equipes de homens, a minha avó montou a própria loja de artigos de esportes, hoje bem conhecida no arrondissement 12 de Paris.

Simone: o modelo vintage, a divorciada, a profissional. Em suma, a encarnação rara da versão feminina dos Trinta Gloriosos.

De salto no mato, como uma metáfora da vida dela.

Fico me perguntando: o que seria da minha avó hoje, se tivesse nascido na minha geração, mais propícia ao desenvolvimento das carreiras femininas? O que teria alimentado aquele apetite de superação, de aprendizagem contínua e de criação? O quão longe teria ido?

Claro, nunca saberei com certeza, mas tenho uma hipótese: a Simone se tornaria uma empreendedora de startup. Se tornaria uma desenvolvedora. Se tornaria uma inovadora, usando o poder de abrangência da tecnologia para maximizar o alcance do seu impacto.

Mulheres e tecnologia, uma integração ainda imperfeita

A nossa época ainda consta com desigualdades críticas no mercado do trabalho.

Ainda hoje, as mulheres ocupam apenas 23% das posições executivas (fonte: Relatório Global “When Women Thrive 2020” da Mercer).

Ainda hoje, representam 13% dos alunos de ciência de computação e menos de 30% da força tarefa TI nas empresas (fonte: site da reprograma).

Ainda hoje, comparando responsabilidades iguais, o salário das mulheres é significativa e sistematicamente mais baixo (tanto, que movimentos feministas nos encorajam a parar de ir no escritório em novembro, data à partir da qual, virtualmente, trabalhamos de graça até Natal).

Mas atualmente, também cresce em paralelo uma conscientização global dessa injustiça. Como consequência, estão surgindo novos apoios e novas oportunidades.

Vamos ao que interessa?

Segue minha curadoria de atores atuando pela integração feminina no mundo das startups e da programação, no Brasil.

Aviso: fiz o meu melhor para citar atores nacionais e internacionais, mas essa lista provém também da minha experiência própria como residente em São Paulo / SP.

Meu mapeamento de redes de apoio para mulheres empreendedoras no Brasil

Sou sócia de uma startup musical brasileira chamada daleGig. De três empreendedores, somos duas mulheres. Também recrutamos uma equipe paritária e diversa.

Portanto, conheci as seguintes iniciativas de apoio das mulheres empreendedoras na tecnologia:

Também recomendo as entidades de acompanhamento focando no empreendedorismo de impacto. São atores que consideram o resultado socioambiental como critério tão importante para medir o sucesso de uma empresa quanto a saúde financeira. Portanto, tendem a considerar a importância da igualdade de gêneros e fornecer um ambiente adequado:

Claro, outros dispositivos de acompanhamento de empreendedores de startups são performantes e apresentam oportunidades para qualquer pessoa, independentemente do gênero e do impacto. Deixo aqui uma lista enxuta, mas insisto em afirmar que fora conteúdos e eventos pontuais mencionando o empoderamento feminino, os seguintes atores possuem um foco diferente:

Meu mapeamento de redes de apoio para mulheres programadoras no Brasil

Ao mergulhar cada vez mais profundamente no ecossistema de inovação, cresceu minha vontade de aprender a programação. Assim, iniciei no último trimestre de 2019 minha formação como desenvolvedora de software.

Segue minha lista de apoios para mulheres na programação:

  • A escola {reprograma} , que ensina tanto front-end quanto back-end. Fiz parte da turma 4 online. A dedicação das professoras e a atmosfera de sororidade aceleram consideravelmente a aprendizagem. O syllabus também inclui dicas de carreira valiosas. ;
  • A escola prograMaria ;
  • O coletivo Elas Codam, destacando percursos inspiradores de mulheres cientistas e propondo diversos talks;
  • A rede WoMakersCode Brasil, muito ativa em particular no Meetup ;
  • O conteúdo da Code Like A Girl.

Ao fazer parte dessas comunidades, irá também sabendo, por exemplo, de diversos descontos pontuais para mulheres em cursos online ou de processos de recrutamento pertinentes.

Além disso, apesar de não existir com o propósito explícito de integrar as mulheres na tecnologia, gostaria de recomendar a formação Trybe. O modelo de negócio da escola é interessante, ao aceitar ser paga apenas depois da formação, quando o aluno conseguir se integrar no mercado e ganhar um salário acima de $R3.500/mês. Faço parte da sua Turma 5 e aprovo a sua mentalidade humana e inclusiva. A escola também reconhece a importância de integrar cada vez mais mulheres estudantes e a proporção de alunas está crescendo a cada nova turma.

Finalmente, posso também mencionar a maior referência de formação gratuita para todos: o FreeCodeCamp , que nasceu para formar engenheiros de software capazes de apoiar ONGs e acabou provando que suas certificações são válidas em qualquer mercado.

Conclusões

Para seguir aprendendo sobre redes de apoio de mulheres na tecnologia, recomendo a consulta e o acompanhamento da seguinte infografia:

Fonte: Instituto Rede Mulher Empreendedora

Finalmente, como bonus, sugiro que se inspirem com esse Ted talk da fundadora do “Girls Who Code”!

E não esqueçam: const mulherNaTecnologia = ‘sucesso’ ;

Fiquem bem!

Juliette.

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Juliette Beaudet

Apaixonada por empreendedorismo tecnológico de impacto | Francesa residente no Brasil.